São João, oficialmente comemorado na última quarta-feira (24), teve uma configuração diferente do habitual neste ano. Por conta do novo coronavírus, as festas em todo o estado da Bahia foram canceladas pelo governo estadual e por prefeituras locais. Você sabe a última vez que isto aconteceu? Os dados históricos não são claros neste sentido.
Contudo, estima-se que, neste atual modelo da festa, as festividades juninas só foram canceladas de forma ampla em 1961, com uma seca devastadora que atingiu o Nordeste do Brasil e ficou famosa na literatura sertaneja.


Esta é uma análise do historiador Clóvis Ramaiana. Ele explica que, somente após a década de 1960, o São João ganhou configurações de festa de massa. “Como é muito raro uma seca que atinge o Nordeste todo, só nos grandes cataclismos que deve ter havido suspensão geral, como a seca de 1961, que é a seca mais tenebrosa segundo pessoas que conversei”, explica, em entrevista ao Bahia Notícias.
Em 2010, outra grande seca também culminou em cancelamentos por toda a região. No entanto, nada que se compare à pandemia do novo coronavírus – ou à seca de 1961.


Em relação às pandemias, o pesquisador é enfático: nenhuma cancelou o São João de forma tão intensa como a Covid-19. Principalmente pelo fato de que, nos momentos em que essas doenças aconteceram, o Nordeste não foi tão atingido – e também não havia festas juninas nos atuais moldes, com aglomerações e contornos mercadológicos. “O São não é uma festa assim tão plurissecular. Provavelmente, é a primeira pandemia que o São João pega é essa. A gripe espanhola não fez um grande estrago no sertão, e a peste bubônica na década de 1920 também não chegou forte. Teve algumas regiões que sim, como Riachão do Jacuípe, Tanquinho, que foi bem devastadora”, supõe. “Mas aí você tem um fenômeno de que o São João não era uma festa de massa, mas bem mais caseira. Provavelmente é a primeira experiência de suspensão geral do São João”, acrescenta.


Ainda segundo o historiador, o São João, no atual formato que conhecemos, ganhou ainda mais força a partir da década de 1990, com a chamada “carnavalização”. Neste cenário, tradicionais festas privadas e shows em praças públicas passaram a ganhar força. “O São João já foi suspenso outras vezes, mas pontualmente. Por exemplo: morre uma pessoa na cidade e aí suspende. Mas a primeira suspensão geral é essa, porque é depois que a festa também virou geral”, indica. (Fonte: Bahia Notícias)
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