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A noite de São João foi marcada por violência em Senhor do Bonfim. Por volta das 21h de domingo (23), policiais militares e espadeiros entraram em confronto na Rua Costa Pinto, principal local de encontro para os festejos juninos. Soltar espadas é proibido por lei, mas testemunhas acusam os policiais de agirem com truculência.
Segundo o representante da Associação Cultural de Espadeiros de Senhor do Bonfim (Acesb), George Nascimento, pelo menos 36 pessoas ficaram feridas no confronto. O conflito começou quando os espadeiros se concentraram no local que é conhecido como palco das guerras de espadas.
“O pessoal se reuniu para manifestar e estava soltando morteiros e bombas. Ninguém soltou espadas, foi quando os policiais chegaram e começaram os confrontos. Fizemos um levantamento nos postos de saúde e tivemos duas pessoas atendidas com ferimentos leves, 27 com ferimentos de bala de borracha, e sete por efeitos do gás lacrimogênio. A quantidade de feridos foi maior que na guerra de espadas”, contou.
O caso mais grave é de uma mulher que foi atingida por uma bala de borracha no olho. Segundo George, ela foi transferida para Recife (PE) e corre risco de perder a visão. Nos vídeos aos quais o CORREIO teve acesso é possível ver bombeiros apagando uma fogueira e grupos gritando “Polícia é para ladrão, para espadeiro, não”. Algumas pessoas ficam agitadas até que começam os confrontos.
Soltar espadas é proibido pelo Estatuto do Desarmamento e, no caso específico de Senhor do Bonfim, uma liminar do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) proibe a atividade desde 2017, a pedido do Ministério Público. O Município tentou derrubar a decisão alegando de que se trata de uma tradição e que vetar a atividade prejudicaria a economia da cidade, já que visitantes e turistas deixariam de curtir os festejos juninos no local.
Nesta semana, o Supremo Tribunal Federal (STF) manteve a decisão do TJ-BA. Apesar dos questionamentos da prefeitura, o ministro Luiz Fux disse que não há plausibilidade na alegação. O mesmo pedido já havia sido negado pela ministra Carmen Lúcia no ano passado. Quem for flagrado soltando espadas pode pegar até seis anos de prisão, além de multa.
A Associação informou que orientou os espadeiros a cumprirem a determinação e que está dando todo o suporte às pessoas feridas. Eles afirmaram também que vão entrar com uma representação junto à Corregedoria da Polícia Militar e ao Ministério Público para identificar os responsáveis pelo ocorrido.
Procurada, a Polícia Militar não se pronunciou até a publicação dessa reportagem.
Campanha
No começo de junho, o Ministério Público da Bahia lançou uma campanha de combate à guerra de espadas, intitulada ‘A vida vem antes da tradição’. Segundo o órgão, o objetivo é alertar e conscientizar a população para os perigos das batalhas que acontecem durante as festas juninas, no interior da Bahia.
A ação é realizada através de peças gráficas, cartazes, banners de lona, outdoor, anúncios em jornais e redes sociais. O MP lembra aos cidadãos que fabricar, possuir ou soltar espadas é crime, e que a brincadeira afronta o direito à saúde e segurança pública.
A campanha está sendo trabalhada com mais ênfase nas cidades de Cruz das Almas, Senhor do Bonfim, Santo Antônio de Jesus, Sapeaçu, Muritiba, Cachoeira, Nazaré das Farinhas, Muniz Ferreira, São Felipe, São Félix, Castro Alves e Campo Formoso.

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