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Sargento PM Wilaney e garotinho Teilor |
Sargento da PM, Wilaney relata uma experiência inigualável, ocorrida no início de sua transferência para a 54ª CIPM de Campo Formoso, onde ao realizar rondas na localidade de Serra da Carnaíba – Pindobaçu, ele narra um encontro com um garotinho, que de forma muito humilde e simples, mostra ao sargento um mundo pouco visto nos dias atuais, e o leva a refletir sobre a vida, família e outros valores.
Confira o emocionante relato do Sargento:
Chegando lá, pela manhã, fui encaminhado para Pindobaçu e após trabalhar na Serra da Carnaíba, só havia ouvido falar de belezas e riquezas acerca de Campo Formoso. Lá fomos nós: eu, Roni e Itamar, fazer o policiamento na Carnaíba. Entramos na viatura e seguimos aproximadamente 35 minutos de estrada e 26km de distância, com paisagens lindas e muitos verdes, com serras de tirar o fôlego. Carnaíba era um lugar organizando, com uma infraestrutura legal. Seguindo a viagem, passamos por dentro do povoado, fazendo rondas em algumas ruas e logo em seguida subimos a Serra da Carnaíba, aproximadamente 485 de elevação ao nível do mar. Já na subida, você sente o ar rarefeito.
Começamos as rondas até mesmo para que eu pudesse conhecer o local. Haviam algumas ruas estreitas, cujas se passa somente um carro. Há a presença de muitos homens, estes sujos e empoeirados ao saírem dos cortes de esmeraldas. Na parte de cima, uma quantidade vasta de mulheres com martelos, algumas de chapéu de palha, boné e lenços para proteção do sol. Só depois fiquei sabendo que aquelas mesmas mulheres que quebram as pedras e jogam fora as que não servem para os donos venderem. O que ocorre é que esse é o trabalho delas, pois é se quebrando essas pedras que se encontram esmeraldas e dali aquelas mulheres podem tirar seu sustento, sempre de baixo de sol ou chuva.
Após algumas rondas, fomos até o local onde ficaríamos, já era meio dia. Fomos almoçar e na chegada, havia um menino sentado na calçada da nossa unidade, sem camisa e apenas de short. Fiz o gesto de legal com a mão e ele retribuiu. Entramos no local e já havia almoço pronto, colocamos os pratos na mesa e sentamos. Mas ao olhar para a porta, ainda conseguia ver o menino sentado. Decidi ir até ele e perguntei qual era o seu nome, ao passo que ele me respondeu “Teilor“. Eu lhe disse que era um nome bonito e forte, e que o meu é Uilaney. O garoto, sem saber pronunciar, falou’ Ilanei’ e eu para não o constranger, disse “Sim!“ e até hoje ele me chama assim.
“Já comeu?“ Perguntei.
“Não...” Ele respondeu.
“Está com fome? “
“Sim!”
Com lágrimas nos olhos, afinal sou chorão, digo que iria colocar algo para ele comer. Fiz o prato do menino pensando mil coisas. Como deve ser difícil para uma criança não ter o que comer quando sente fome. Sentei ao seu lado e começamos um papo gostoso. Em pouco tempo descobri seu nome e que possuía oito anos de idade. Tão novo e já me dando lição de moral, mesmo sem saber, com sua ingenuidade de criança.
“Ilaney, não vou comer tudo, porque irei levar para minha mãe em casa.”
“Não precisa, Teilor! Pode comer, irei colocar mais para você levar para sua mãe.”
“Sério ilaney?!”
“Sim!”
Ver um sorriso no rosto daquela criança não tem preço ou nada que pague. Fiquei pensando em como somos ingratos e mal agradecidos, e estou falando de mim, pois reclamo de coisas tão banais, enquanto existem pessoas que precisam de um prato de comida para ter um dia melhor e satisfazer sua fome e simplesmente não o tem. Eu te agradeço, Teilor, pelo sorriso, abraço e por me ensinar que, por mais clichê que seja, precisamos nos preocupar com o hoje e agradecer sempre, por mais difícil que as coisas estiverem. Você foi um anjo e nem sabia que eu estava em um dia difícil, né? Obrigado por mais uma vez me ensinar a ser mais humano e a perceber a beleza das pequenas coisas boas da vida.
Autor: Sgt PM Wilaney
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