Nos dias atuais viver sem internet parece ser uma tarefa quase impossível. Com o avanço da tecnologia, a dependência dos dispositivos virtuais se tornou cada vez mais comum. No entanto, é necessário ter alguns cuidados com a utilização dessas plataformas digitais. Recentemente, as precauções com o uso da internet ganharam força com dois casos que serviram de alerta para os usuários da rede. 

Na última segunda-feira (15), a polícia apresentou as irmãs gêmeas Maíse e Michele Santos de Araújo, de 23 anos, acusadas de aplicar o golpe 'boa noite Cinderela' em homens, para depois roubá-los. Elas usavam sites de relacionamento para atrair as vítimas que já somam 13 até o momento. Também na segunda, um homem foi preso em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador, acusado de aliciar mulheres. De acordo com a polícia, Dário Andrade Salomão, de 27 anos,oferecia falsas oportunidades de emprego em sites de classificados para atrair as vítimas e em seguida assediá-las. Casos semelhantes a esses se tornaram frequentes na atualidade e o número de casos crescem gradativamente na Bahia. Apesar disso, calcular um número exato de crimes praticados através da internet ainda é complicado. Em entrevista ao Bocão News, Fabricio Patury, Coordenador do Núcleo de Combate aos Crimes Cibernéticos do Ministério Público da Bahia (MP-BA), informou que essa dificuldade se deve ao fato de que ainda não existe um tipo penal para crimes cibernéticos no país. "Esses dados são de catalogação bastante difíceis. Porque quando uma vítima procura uma delegacia para registrar um crime de difamação e estelionato por exemplo, praticados por meios virtuais, a ocorrência fica registrada como crimes comuns e não cibernéticos", disse. De acordo com o promotor, isso acaba atrapalhando na identificação desses casos junto à Secretaria de Segurança Pública (SSP). "Muitos crimes realizados por meio das redes sociais ficam mascarados e não cai na estatística como crimes cibernéticos na Secretaria de Segurança Pública", explicou.
 
No entanto, uma proposta do Ministério Público da Bahia pode mudar esse quadro e colaborar no reconhecimento de casos com maior facilidade. “Não temos uma estatística segura por que ainda não foi construída uma forma de sinalização para que determinado crime seja caracterizado como delito virtual. Pensando nisso, estamos discutindo com a Secretaria de Segurança Pública a criação de um campo no boletim de ocorrência informando que aquele ato foi praticado através da internet. O que chega até nós sabemos que é muito pouco em relação ao que a gente já sabe que existe", disse.
 
Em relação a identificação dos criminosos, se engana quem pensa que pode estar coberto pelo anonimato das redes sociais. Conforme o promotor, descobrir quem são essas pessoas não é uma tarefa difícil. "Diferente dos delitos tradicionais, é muito mais fácil identificar o autor de um crime cibernético, por que temos todos os registros de acesso que possibilitam o rastreio via IP. Na maioria das vezes, temos sucesso na identificação quando as empresas respeitam a nossa legislação”. Para o coordenador, o Whatsapp e Facebook são considerados "vilões" neste quesito. “O nosso principal problema, atualmente, é com essas duas fermentas, pois elas não cumprem com as normas básicas da legislação que as demais redes sociais cumprem, que é o armazenamento de logs e registros", afirmou.
 
Para se chegar ao estágio de investigação, é necessário, no entanto, que a vítima de qualquer crime cometido 
no meio virtual armazene algumas provas e registre um boletim de ocorrência que pode ser feito na delegacia mais próxima." A pessoa deve procurar a delegacia para relatar o ocorrido. Além disso, é necessário que ela printe a tela, salve em algum dispositivo ou imprima e leve para registrar o BO", disse.
 
Para evitar se tornar vítima dos criminosos virtuais é necessário adotar cautelas simples. Para o promotor, alguns cuidados que as pessoas podem tomar para evitar cair em crimes presenciais devem ser os mesmos quando se utiliza a internet. "As pessoas não conseguem entender que não existe diferença entre a vida virtual e a vida real. As pessoas simplesmente chegam no Facebook, olham as fotos das pessoas, não procuram saber informações, nem sabem se aquela pessoa existe e já adiciona como amigo. A partir daí ela passa a ter visão plena da sua vida pessoal e profissional através das publicações", alertou.
 
O coordenador aproveitou para dar algumas dicas para os usuários que costumam teclar com desconhecidos na rede. "Antes de marcar um encontro com alguém que você conheceu através da internet, deve-se pegar a foto daquela pessoa na rede social e procurar em sites de busca e ver se aquela imagem está associada a uma pessoa que de fato existe. Além disso, ela pode fazer buscas no site da polícia, para ver se a pessoa tem algum processo contra ela na Justiça", declarou.
 
Na tentativa de facilitar a investigação de crimes cibernéticos, a Polícia Civil da Bahia conta desde 2012 com o Grupo Especializado de repressão aos crimes por Meios Eletrônicos, comandado pelo delegado João Roberto Cavadas. "Quando a vítima registra o boletim de ocorrência nas delegacias de bairro, essas informações são passadas para o Grupo Especializado da Polícia Civil com o objetivo de colaborar nas investigações", contou.

Poste um Comentário

Jaguarari Noticias | Portal de Informação Online